COVID-19 e o novo significado de segurança e saúde no trabalho
No contexto da pandemia do COVID-19, a segurança e a saúde ocupacionais assumem uma importância ainda maior. É por isso que o tema do Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho 2020 é “Parar a pandemia: a segurança e a saúde no trabalho podem salvar vidas“. Esta campanha promove a adoção de medidas de segurança e saúde ocupacional em resposta a esta pandemia, com o objetivo de prevenir e mitigar os riscos à saúde, inclusive os decorrentes de novos arranjos de trabalho.
Apesar do compromisso internacional de segurança e saúde no trabalho, os acidentes de trabalho ainda são muito comuns
Uma grande parte da população mundial passa grande parte do dia no trabalho, e o fazemos durante grande parte de nossas vidas. Isso significa que nosso ambiente de trabalho e local de trabalho têm um forte impacto sobre nossas condições de vida, nosso bem-estar e o de nossas famílias.
A segurança e a saúde ocupacionais são um aspecto central do trabalho decente e, como tal, devem ser universalmente garantidas. Trabalhadores em todo o mundo devem se sentir seguros em seus locais de trabalho, com a garantia de que não estão expostos a riscos indevidos.
A importância da segurança e saúde no trabalho foi reconhecido no 2030 Agenda para o Desenvolvimento Sustentável: Alvo 8.8 da agenda se refere à proteção dos direitos trabalhistas e a promoção da segurança e garantir ambientes de trabalho para todos os trabalhadores, incluindo os trabalhadores migrantes e os trabalhadores precários de emprego .
Infelizmente, muitos trabalhadores em todo o mundo estão expostos a riscos indevidos em seus locais de trabalho e os acidentes de trabalho ainda são muito comuns.
Em 12 dos 90 países com dados disponíveis no ILOSTAT, houve mais de 10 óbitos relacionados ao trabalho por 100.000 trabalhadores durante o ano de referência dos dados. E na metade dos países com dados disponíveis , o número de lesões não fatais sofridas pelos trabalhadores em conexão com o trabalho ultrapassou 890 por 100.000 trabalhadores.
A maioria dos acidentes de trabalho ocorre em setores dominados por homens, como construção, fabricação, transporte e armazenamento
Surpreendentemente, em quase todos os países com dados disponíveis, o número de lesões ocupacionais por 100.000 trabalhadores foi maior para homens do que para mulheres, tanto para lesões fatais quanto para não fatais.
Uma explicação possível para essa dimensão de gênero da exposição ao risco poderia ser a concentração ou a super representação de trabalhadores do sexo masculino nos setores mais inseguros. Isso aponta para a necessidade de regulamentos apropriados e medidas direcionadas para minimizar a exposição ao risco e garantir o ambiente de trabalho mais seguro possível para todos os trabalhadores, levando em consideração as especificidades de cada setor de atividade.
De fato, olhando para a distribuição de lesões ocupacionais por setor de atividade, fica claro que alguns setores são mais perigosos que outros para os trabalhadores, pelo menos em termos de risco de sofrer um acidente de trabalho.
Em termos gerais, os setores que parecem concentrar mais acidentes de trabalho fatais são a fabricação, a construção, o transporte e o armazenamento. De fato, em mais de dois terços dos países com dados disponíveis, cada um desses setores está entre os três principais em termos de participação em acidentes de trabalho fatais. Em um grau menor (embora ainda digno de nota), os acidentes de trabalho também geralmente surgem de atividades agrícolas. Em pouco menos de um quarto de todos os países com dados, a agricultura aparece entre os três principais setores em termos de participação de ferimentos ocupacionais fatais.
Além disso, em 73 por cento dos países com dados em ILOSTAT, a taxa de incidência de acidentes de trabalho fatais foi superior para os trabalhadores migrantes do que para os trabalhadores não migrantes. Isso sugere que os trabalhadores migrantes estão mais expostos a riscos e perigos, que podem estar ligados às características dos tipos de empregos que ocupam. Para garantir que ninguém fique para trás, são necessárias medidas direcionadas para promover e estender a segurança e a saúde ocupacional a todos os trabalhadores.
O difícil, embora necessário, monitoramento das doenças ocupacionais
Diferentemente das lesões ocupacionais, resultantes de um acidente de trabalho, as doenças ocupacionais resultam da exposição prolongada a fatores de risco decorrentes da atividade laboral. As doenças ocupacionais são difíceis de rastrear, principalmente devido aos possíveis atrasos entre a exposição a fatores de risco e a manifestação de uma doença.
Embora o ILOSTAT não inclua estatísticas sobre doenças ocupacionais, a OIT tem trabalhado em estreita colaboração com a OMS para construir estimativas confiáveis para permitir seu monitoramento.
A pandemia atual está nos lembrando de toda a importância da segurança e saúde no trabalho e dos perigos da exposição a riscos indevidos à saúde.
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